Pesquisa mostra que 51% das empresas que adotam escala 6x1 são do Comércio
Levantamento realizado pela VR, plataforma de serviços para trabalhadores e empregadores, revelou que 51% das empresas que utilizam a escala de seis dias de trabalho seguidos por um dia de descanso (6x1) são do setor do Comércio.
Há um debate no Congresso para abolir a jornada de 44 horas semanais trabalhadas - que permite a escala 6x1 - e implantar uma jornada máxima de 36 horas, com a escala 4x3 (quatro dias de trabalho e três de descanso). Essa iniciativa é de autoria da deputada Érika Hilton (PSOL-SP), que já obteve as assinaturas necessárias para protocolar a proposta e iniciar a sua tramitação.
Conforme mostrou o Diário do Comércio, caso a jornada 6x1 seja extinta, as atividades dos pequenos negócios do comércio ficariam inviáveis, pois haveria redução de até 25% nos seus faturamentos, com a diminuição do horário de funcionamento, ou aumento dos custos, com a necessidade de contratação de mais funcionários.
Além do comércio, o levantamento da VR mostra que há outros segmentos que também podem ser afetados com a mudança na jornada, embora em menor intensidade, como o de bares e restaurantes, no qual 16% dos negócios adotam a escala 6x1, serviços administrativos (8%), hotéis (5%) e administração imobiliária e predial (3%).
Foram analisados dados de três mil empresas que utilizam os serviços de gestão de escala da VR, somando aproximadamente 140 mil trabalhadores.
O levantamento também identificou quais setores da economia mais utilizam outros regimes como 4x2 dias, 5x1 dias ou 12x36 horas, e ainda segmentos com mais de um padrão de escala. É o caso do comércio, por exemplo, que também utiliza a escala 12x36 horas, seguido por bares e restaurantes (10%), suporte em tecnologia (9%), feiras, congressos e exposições (9%) e administração imobiliária e predial (9%), este último registra ainda outros formatos de agenda.
Já a escala 5x1 é predominantemente usada pelos segmentos de teleatendimento (28%), fabricação (28%) e comércio (25%).
A VR identificou ainda que, em alguns setores, é comum não existir escala definida. Na lista, aparecem serviços administrativos (12%), hotéis (9%) e bares e restaurantes (8%).
SOBRE A ESCALA 6x1
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece que funcionários não podem trabalhar mais de 8 horas por dia, ou 44 horas por semana, considerando a possibilidade de duas horas extras por dia, mediante acordo trabalhista.
Como a lei não estipula qual escala de trabalho os segmentos econômicos devem utilizar, as empresas adotam a que consideram mais produtiva para a área em que atuam, dentro do limite de 44 horas semanais estabelecido na CLT. O Comércio, por exemplo, costuma dividir essas horas semanais em uma escala 6x1, com seis dias trabalhados e um de descanso, porque o sábado é um dia de grande movimento de consumidores.
SOBRE A ESCALA 4x3
Embora a minuta do texto da deputada Érika Hilton não traga detalhes, nele são citados alguns exemplos pelo mundo usando a escala 4x3. Esse modelo, que prevê jornada máxima de 36 horas semanais, segue uma tendência mundial propagada pelo movimento 4 Day Week Global.
Segundo o movimento, um projeto-piloto com 22 empresas, com até 250 colaboradores, apontou que 61,5% dos participantes observaram melhorias na execução de projetos, 44,4% relataram uma capacidade aumentada de cumprir prazos, 82,4% sentiram um aumento de energia para realizar tarefas e 62,7% experimentaram redução no estresse no trabalho.
Fonte: Diário do comércio