Confira os 4 setores mais favorecidos pela queda da Selic

O Comitê de Política Monetária do Banco Central, Copom, decidiu reduzir ainda mais a taxa básica de juros da economia de 5,5% para 5% ao ano, atingindo o menor patamar histórico.

O anúncio, feito nesta quarta-feira, 30, representa a terceira queda consecutiva nos juros do país, após dezesseis meses em estabilidade na casa dos 6,5% ao ano, que permaneceu até julho.

A redução ficou dentro do esperado pelo mercado. Trata-se do décimo quinto corte na Selic desde quando a taxa atingiu o pico de 14,25% ao ano, entre julho de 2015 e outubro de 2016. A redução dos juros foi incentivada por um cenário de inflação controlada, e a autoridade monetária indicou que pode haver mais cortes neste ano.

Nesse ambiente, o principal impacto nas empresas é a redução no custo de dívida. Uma pesquisa realizada pela XP Research apontou os quatro setores mais favorecidos pelo corte da Selic.

E, para calcular este efeito, eles analisam dois fatores: a parcela da dívida cujo custo é atrelado à Selic e o patamar de endividamento, que pode ser medido pelo indicador dívida líquida em relação ao ebitda. Confira:

Locação de Veículos

Neste setor, de acordo com a XP, mais de 90% das dívidas das companhias são pós-fixadas e atreladas à Selic. Além disso, o momento positivo dessas empresas tem feito elas crescerem mais e, por consequência, operarem em níveis mais altos de alavancagem.

Entre as três companhias do setor – Localiza (RENT3), Unidas (LCAM3) e Movida (MOVI3), o índice de alavancagem varia entre 2,7 e 3,0 vezes a dívida líquida/ebitda, tornando-as mais sensíveis às variações de juros.

“Estimamos que um corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic resulte em um incremento médio próximo de 10% no preço-alvo dessas companhias. Considerando a trajetória esperada para a taxa Selic em 2020, esperamos uma redução superior a 1,0 ponto percentual no custo médio da dívida em relação a 2019”, afirma a XP.

Shoppings

Entre as operadoras de shoppings, a Iguatemi (IGTA3) e a Multiplan (MULT3) tem, respectivamente, 85% e 70% de suas dívidas atreladas à Selic, e uma alavancagem média de cerca de 2,5 vezes dívida líquida/ebitda.

Enquanto isso, a brMalls (BRML3) tem cerca de 42% de dívida atrelada à taxa básica de juros e uma alavancagem menor, de cerca de 1,9 vezes, segundo a XP.

Os analistas lembram que o endividamento do setor diminuiu em razão do menor crescimento dos negócios. Ainda assim, afirmam que a sensibilidade à variação dos juros é alta. Por isso, projetam uma alta de cerca de 6,5% no preço-alvo das ações para cada corte de 0,5 p.p. da Selic.

Elétricas


O setor elétrico tem uma taxa menor de dívidas atreladas à Selic (em média, fica em torno de 40%). Mas as companhias operam com alavancagens elevadas de até 4 vezes dívida líquida/ebitda, aponta a XP.

“Isso se deve à dinâmica operacional do setor: as companhias captam recursos via dívida para financiar a construção de novos empreendimentos ou a aquisição de outras empresas, e os financiamentos vão sendo pagos com a geração de caixa dos próprios ativos”, diz o relatório.

Assim, uma queda de juros ajuda as empresas. As mais beneficiadas, segundo a XP, devem ser as companhias mais alavancadas e com maiores dívidas atreladas à Selic, caso de Copel, AES Tietê (TIET11), Equatorial (EQTL3) e Cemig (CMIG4).

As companhias que pagam mais dividendos também se tornam mais atrativas com os juros menores, com destaque para os segmentos de transmissão, como Taesa (TAEE11) e CTEEP (TRPL4), e geração de energia, caso de AES Tietê e Engie (EGIE3).

Varejo


As varejistas têm entre 75% e 100% das dívidas atreladas à taxa de juros, mas, por outro lado, operam com menor alavancagem, no nível entre 0,3 a 2,5 vezes o índice de dívida líquida em relação ao ebitda, aponta a XP.

Essas empresas costumam fazer o desconto de recebíveis, em que antecipam as vendas realizadas a prazo, pagando juros por isso.

“Portanto, o cenário de juros mais baixos para as varejistas implica em menores despesas financeiras com empréstimos e financiamentos, bem como com a antecipação de recebíveis”, explicam os analistas.

A XP aponta que Lojas Americanas (LAME4), B2W (BTOW3), Via Varejo (VVAR3) e Magazine Luiza (MGLU3) são as mais beneficiadas, com incremento esperado de 3% a 4% no preço-alvo para cada corte de 0,5 p.p. na Selic.

Disponivel em: https://www.contabeis.com.br

Data: 31/10/2019