Governo quer atestado do SUS para concessão de auxílio-doença do INSS, sem perícia. Entenda

Para tentar reduzir a fila de benefícios por incapacidade temporária — antigo auxílio-doença—, o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) estuda adotar um sistema para que os médicos peritos do órgão acessem os atestados médicos de beneficiários direto no Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, os ministérios da Saúde e da Previdência Social planejam integrar o sistema do INSS ao do SUS.

As pastas estão discutindo estratégias para implantar a medida, que ainda deve levar um tempo para passar a valer. Com a integração, o processo de liberação do benefício poderia ser simplificado. Atualmente, 54% dos pedidos levam até 45 dias para serem avaliados.

Funcionaria assim: quando receber um atestado que determine um afastamento superior a 15 dias, o beneficiário deverá solicitar normalmente o auxílio-doença. No entanto, não haverá necessidade de agendar perícia médica ou incluir o laudo ou atestado médico no aplicativo ou site do Meu INSS para avaliação à distância.

Com a medida, ao ser emitido pelo médico— que terá um certificado digital autenticando o atestado—, o documento será incluído automaticamente no sistema do SUS. A partir daí, com o requerimento do segurado, o sistema do INSS vai buscar a documentação médica na base de dados do Ministério da Saúde para liberar o benefício.

— Esperamos que, com a medida, o pedido seja liberado em poucas horas ou no máximo poucos dias— projeta o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.

A iniciativa será viável a partir da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) do SUS, plataforma instituída em 2020 que estruturou o Conect SUS. O Ministério da Saúde não informou em quanto tempo a integração com o INSS deve acontecer.

“O projeto está em elaboração junto ao INSS para implementar um modelo informacional na RNDS, que irá receber e disponibilizar os atestados médicos e odontológicos. A expectativa com esta iniciativa é reduzir filas e tempo de espera para a concessão do benefício social”, afirmou a pasta, em nota.

aAssim como outras medidas, a iniciativa deve também ser implementada aos poucos, com fases de teste em determinadas regiões. Além disso, após chegar à rede pública, há previsão de que a iniciativa também aconteça com atestados emitidos pela rede privada. Segundo Stefanutto, o sistema também vai valer para a avaliação médica do segurado ao fim do período afastado, seja para o retorno ao trabalho ou para a prorrogação do benefício:

— A arquitetura da integração com a base do SUS é focada na pessoa, na humanização do atendimento, reduzindo o transtorno para o segurado que já está passando por um momento sensível — explica ele.<SW>Perícia médica: fila passa de 635 mil pedidos

 

Quando implementada, a iniciativa deve se somar a outros esforços do governo para reduzir a fila do INSS, como o Atestmed, sistema permite o envio de laudos e atestados pela internet para análise de um médico perito à distância. Dados de setembro dão conta de mais de 1,6 milhão de pedidos aguardando análise, sendo 635,8 mil só de perícia médica.

O procedimento é necessário para para quem solicita não apenas o auxílio-doença, mas também o benefício por incapacidade permanente (a antiga aposentadoria por invalidez) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas) para pessoas com deficiência.

Apesar das informações ainda preliminares, o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Diego Cherulli, vê a medida com bons olhos.

— Estamos vendo um avanço na prática com o Atestmed. O pedido leva ainda há alguns dias para ser liberado, mas já é um adianto em relação a demora que costumava ser de meses. Está se mostrando uma política eficiente — avalia: — Apoio a ideia da integração ao SUS, principalmente se for feita de fato interministerialmente. É uma forma de acelerar a análise do benefício.


Fonte: Extra.Globo

Data: 31/10/2023