Fusão de PIS e Cofins eleva carga em relação ao PIB


O Ministério da Economia estima que o tributo proposto pela pasta para substituir PIS e Cofins arrecade mais em proporção ao PIB (Produto Interno Bruto) do que o montante recolhido pelas duas taxações em 2019 e também na média dos cinco anos anteriores.
O PIS (Programa de Integração Social) e a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), pela ideia do governo, darão lugar à CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). A estimativa de receita está em documento, obtido pela reportagem, enviado pela equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) ao Congresso.
O texto afirma que a arrecadação deve ficar em 4,38% do PIB de 2021 a 2023. O dado mais recente do governo indica que PIS/Pasep e Cofins, que seriam fundidos na CBS, arrecadaram, somados, 4,15% do PIB em 2019. O cálculo é do Tesouro Nacional.
O percentual médio dos cinco anos anteriores, segundo os números da Receita Federal, é de 4,24%. A elevação compromete o discurso do governo de que a proposta não aumenta a carga tributária. “O presidente ganhou uma eleição, e a equipe chegou também, com uma promessa: nós não vamos aumentar os impostos. O povo brasileiro já paga impostos demais”, afirmou Guedes em comissão recente no Congresso. “Então, nós não vamos aumentar a carga tributária.”
Alíquota
O Observatório Fiscal da FGV (Fundação Getulio Vargas) já contestou esse discurso ao analisar a CBS. Manoel Pires e Fábio Goto concluíram em artigo que, para ser neutra do ponto de vista arrecadatório, a alíquota deveria ser menor que 12%.
Para ficar em um patamar neutro, o percentual teria de ser mais próximo a 10%, segundo as contas dos economistas. O projeto arrecada R$ 50,3 bilhões a mais do que no cenário de neutralidade, de acordo com os autores.
Diante das contestações de empresas, especialistas e congressistas, o próprio Guedes já admitiu que pode rever as contas e o percentual aplicado.
“Eu queria aqui perguntar qual foi a metodologia adotada para se chegar a uma alíquota de 12% para a CBS, já que há uma confusão –e é importante que se explique–, porque muitos empresários levantam a questão de haver um aumento”, indagou em comissão o relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
“Com relação a essa metodologia, estamos totalmente abertos, vamos tornar transparente para quem quiser olhar. E, se for possível, por algum erro nosso, baixar para 10%, para 9%, para 8%, é o que nós queremos”, disse Guedes.
Procurada, a Receita Federal afirmou que diferentes fatores podem interferir no desempenho da CBS. “A arrecadação de cada tributo, considerada em relação ao PIB, apresenta variações de modo independente das alterações legislativas na apuração do tributo”, afirmou.


Fonte: O Estado

Post atualizado em: 21/10/2020


Atualizado na data: 21/10/2020