Clientes da Caixa enfrentam dificuldade para usar aplicativo; banco limita acessos simultâneos

Os clientes da Caixa Econômica Federal enfrentam instabilidade não conseguem acessar ou movimentar suas contas por meio do internet banking e do aplicativo do banco, há pelo menos uma semana. A falha está sendo gerada, segundo a instituição financeira, pela alta demanda de usuários. Mesmo assim, segundo a Caixa, mais de 16 milhões de transações foram efetivadas nos canais digitais, até o início da tarde desta terça-feira (dia 9).

A instituição financeira começou a utilizar, na semana passada, um limitador de acessos simultâneos. O mecanismo evita que o grande volume movimentações derrube totalmente o sistema. Nos momentos de pico, quando o número de acessos chega ao limite, o sistema recusa ou barra novas tentativas de entrada. Para os que conseguem acessar, os serviços e as transações podem ficar mais lentos durante as movimentações.

 

A Caixa afirmou que tem equipes dedicadas à manutenção da estabilidade dos serviços, "que atuam de forma contínua quando identificadas intermitências pontuais". Ainda segundo o banco, no último fim de semana, a equipe de tecnologia conseguiu ampliar o número de acessos simultâneos, mas não informou o quanto.

Mesmo os clientes que conseguiram acesso reclamam que, muitas vezes, não conseguem fazer transferências ou pagar contas. A Caixa não esclareceu o que gerou o aumento do volume de acessos ou quando a questão será resolvida, mas informou que trabalha para tentar ampliar o volume de acesso simultâneos dos clientes e sugeriu que os consumidores busquem outros canais, como terminais de autoatendimento, unidades lotéricas, correspondentes bancários e agências, para os serviços essenciais.

Para André Miceli, coordenador do curso de Marketing Digital da Fundação Getulio Vargas (FGV), trata-se de um problema de falta de infraestrutura de rede para suportar o aumento da demanda por serviços digitais em meio à pandemia:

— As empresas trabalham com um dimensionamento ou uma estimativa de demanda de acessos e serviços de acordo com séries históricas, sobre acessos e armazenamento de dados. Mas estamos há um ano com um aumento de pressão sobre serviços digitais. Já deu tempo para as empresas redimensionarem — avalia Miceli.

Sigilo de dados

O professor da FGV acrescenta que bancos e instituições financeiras são mais sensíveis porque precisam obedecer a uma série de critérios sobre sigilo de dados bancários dos clientes. Segundo ele, bancos digitais conseguem mobilizar infraestrutura de tecnologia instantaneamente. Os demais dependem de servidores mais complexos:

— No banco público, é ainda mais complicado, porque precisa passar por um processo licitatório. Os bancos digitais já nascem na nuvem, mobliizam e desmobilizam infraestrutura instantaneamente. Nesses casos, de demanda sem infraestrutura de suporte, a saída para situações emergenciais foi essa que a Caixa adotou. Limitar o acesso para não ter serviços paralisados neste momento. Se você inunda de acesso, pode deixar o serviço inoperante. É melhor alguns conseguirem acessar do que ficar fora para todos — ressalta ele.

O funcionário público Vitor Vasconcelos, de 32 anos, tenta movimentar a conta do banco sem sucesso há dias. Segundo ele, será preciso ir pessoalmente a uma agência para fazer as transações:

— Para conseguir movimentar minha conta na Caixa, eu tenho que ir a uma agência no meio da pandemia. Estou com dinheiro preso lá e simplesmente não consigo acessar. Não consigo fazer nada pela internet, nem cadastrar um novo dispositivo. Criam novos aplicativos, como foi aquele para o pagamento do auxílio emergencial, mas todos dão esse tipo de problema — reclama ele.

Muitos clientes usaram as redes sociais para registrar suas queixas. Segundo os relatos no Twitter, para alguns o problema ocorre logo na tentativa de autenticação para acesso ao aplicativo. Nesse caso, é exibida a mensagem "Ops! Não reconheci seu usuário e senha. Veja se está tudo certo e tente novamente".


Fonte: Extra Globo

Data: 10/03/2021