PORTARIA Nº 024/2021
PORTARIA Nº 024/2021 PROCESSO Nº P355648/2020
*Publicado no DOM, de Fortaleza, de 25/01/2021
Regulamenta as boas práticas de funcionamento sanitário na prestação de serviços em insti- tuições de ensino.
A SECRETÁRIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE FORTALEZA, no uso de suas atribuições legais instituídas pelo art. 299 da Lei Orgânica do Município de Fortaleza, em especial no que lhe confere o Art. 69, inciso X, da Lei Complementar nº 176, de 19 de dezembro de 2014, Art. 5º, inciso X do Decre- to nº 13.922 de 12 de dezembro de 2016 e, ainda, conforme Lei Federal nº 8.080 de 19/09/90, artigo 18, IV, b, bem como Códi- go de Saúde do Município de Fortaleza, Lei 4.950 de 30/11/77, artigos 1º e 3º, c; e referendada pela COORDENADORIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE - COVIS, conforme art. 20 do Decreto Nº 13.922, de 02 de dezembro de 2016.
CONSIDERANDO o art. 196 da Constituição Federal segundo o qual saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação;
CONSIDERANDO que as instituições de ensino são de interesse sanitário, conforme preconiza a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA;
CONSIDERANDO que o Sistema Único de Saúde, consagrado constitucionalmente, atribui competência legal para que o Município execute ações de Vigilância Sanitária e controle de avaliação, quando tais forem necessários para manutenção da qualidade dos serviços de saúde prestados;
CONSIDERANDO as disposições constitucionais e a Lei Fede- ral nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que tratam das condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, como direito fundamental do ser humano;
CONSIDERANDO a Lei Federal nº 8.078, de 11/09/1990 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor), segundo o qual a proteção da saúde e segu- rança contra riscos provocados por práticas no fornecimento de serviços é um dos direitos básicos do cidadão;
CONSIDERANDO o art. 4º da Lei Federal n° 8.069 de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente - que dispõe ser dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
RESOLVE:
Art. 1º - Aprovar esta Portaria, que regulamenta a prestação de serviços em instituições de ensino do município de Fortaleza quanto às boas práticas de funcionamento.
CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS Seção I - DO OBJETIVO
Art. 2º - Esta Portaria tem por objetivo prevenir e mitigar os riscos à saúde a que está exposta a população en- volvida, a partir dos requisitos de boas práticas sanitárias de funcionamento para as instituições de ensino.
Parágrafo único: A avaliação, inspeção e acompanhamento das ações relativas à prestação de serviços de saúde e de interesse à saúde são de responsabilidade da Vigilância Sanitária Municipal, no âmbito de sua esfera de atuação, podendo ser complementadas pela Vigilância Sanitária Estadual e Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA/MS.
Seção II - Da Abrangência
Art. 3º - Esta Portaria aplica-se a todas as instituições de ensino, públicas ou privadas, que possuem educação infantil (creche e pré-escola), ensino fundamental, médio, superior e educação profissional técnica no município de Fortaleza.
Seção III - Das Definições
Art. 4º - Para efeito deste Regulamento Técnico são adotadas as seguintes definições: Assepsia: Conjunto de medidas utilizadas para impedir a penetração de microorganismos em algum local ou objeto. Autoridade Sanitária Fiscalizadora: ser- vidor público competente com poderes legais para executar ações de fiscalização no âmbito de abrangência da Vigilância Sanitária. Barreira Técnica: conjunto de medidas comportamen- tais dos profissionais de saúde visando à prevenção de conta- minação cruzada entre o ambiente sujo e o ambiente limpo, na ausência de barreiras físicas. Berçário: Unidade destinada a alojar crianças da faixa etária de três a doze meses, dotada de equipamento adequado a essa faixa etária. Climatização: con- junto de processos empregados para se obter, por meio de equipamentos em recintos fechados, condições específicas de conforto e boa qualidade do ar, adequadas ao bem-estar dos ocupantes. Consultório: Espaço destinado à realização de consultas. Depósito de equipamento: Elemento destinado à guarda de aparelhos, equipamentos e acessórios de uso didá- tico. Depósito de material de limpeza: Elemento destinado à guarda de aparelhos, utensílios e material para uso na limpeza da instituição. Desinfecção: operação de redução, por método físico e/ou agente químico, do número de microrganismos em nível que não comprometa a higiene de objetos inanimados e superfícies e a qualidade higiênico-sanitária do alimento. Edu- cação infantil-creche: as atividades de instituições de ensino que se destinam ao desenvolvimento integral da criança, em geral, de até 3 anos de idade. Educação infantil pré-escola: as atividades de ensino pré-escolar em escolas maternais e jar- dins-de-infância, preferencialmente, para crianças de 04 e 05 anos de idade. Ensino fundamental: as atividades de ensino fundamental da 1ª à 9ª séries. Ensino médio: Etapa final da educação básica, que compreende atividades de ensino médio de formação geral. Educação superior (graduação e pós- graduação): as instituições de educação superior que oferecem cursos de graduação e programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, podendo ainda oferecer cursos de especializa- ção, aperfeiçoamento, dentre outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exi- gências das instituições de educação superior. Equipamento de proteção individual – EPI: todo ou qualquer dispositivo destina- do ao uso individual com objetivo de proteção contra possíveis ameaças à saúde, à segurança e à integridade física do traba- lhador durante o exercício de determinada atividade. Higieniza- ção: operação que compreende duas etapas, a limpeza e a desinfecção. Lactário: Unidade com área restrita, destinada à limpeza, ao preparo, à desinfecção e à guarda de mamadeiras de fórmulas lácteas. Lavanderia: Elemento destinado à recep- ção, lavagem e acabamento da roupa utilizada na instituição. Licença Sanitária: Documento emitido pelo órgão de vigilância sanitária do Sistema Único de Saúde – Secretaria Municipal de Saúde - que habilita a operação de atividade(s) específica(s) sujeita(s) à vigilância sanitária, visando garantir boas condições de funcionamento no tocante à saúde da população. Limpeza: operação de remoção de substâncias minerais e/ou orgânicas indesejáveis, tais como terra, poeira, gordura e outras sujida- des, reduzindo a carga microbiana. Manual de Boas Práticas para serviços de alimentação: documento que descreve as operações realizadas pelo estabelecimento, incluindo, no mínimo, os requisitos higiênico-sanitários dos edifícios, a manu- tenção e higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o controle da água de abastecimento, o controle integrado de vetores e pragas urbanas, a capacitação profis- sional, o controle da higiene e saúde dos manipuladores, o manejo de resíduos e o controle e garantia de qualidade do alimento preparado. Procedimento Operacional Padronizado (POP): são procedimentos escritos de forma clara e objetiva que estabelecem instruções sequenciais para a realização de ações rotineiras e específicas. Visam à garantia da uniformida- de, eficiência e coordenação efetiva das atividades desenvolvi- das. Rastelo: instrumento de agricultura e de jardinagem consti- tuído de uma grade de dentes com cabo adaptado, próprio para limpar, aplainar, afofar a terra etc. Responsável Técnico - RT: Profissional de nível superior ou de nível médio profissiona- lizante devidamente habilitado pelo respectivo conselho profis- sional, com treinamento específico na área em que assumir a responsabilidade técnica. Refeitório: Área destinada à realiza- ção de refeições; Sala de apoio à amamentação: Elemento destinado à recepção das mães que necessitam amamentar os filhos que se encontram sob a proteção e cuidados da creche, devendo contar com equipamento apropriado para coleta e armazenamento de leite que será oferecido à criança em outro momento. Sala para recepção/espera: Espaço destinado aos usuários que aguardam atendimento, como acompanhantes, visitas e fornecedores. Sala de recepção e troca de roupa: Espaço destinado ao ingresso das crianças na creche, para troca de roupa apropriada às atividades que serão desenvolvi- das, devendo contar com equipamento e instalações sanitárias adequadas às diversas faixas etárias. Solário: Espaço, despro- vido de cobertura, destinado à permanência das crianças de faixa etária de três a doze meses que necessitam de banhos de sol.
CAPÍTULO II - DAS DOCUMENTAÇÕES
Art. 5º - Os seguintes documentos deverão ser mantidos no estabelecimento desde o seu licenciamento sanitário e apresentados à Vigilância Sanitária no momento da inspeção e/ou conforme solicitação:
I. Licença Sanitária atualizada do estabelecimento, caso exigido por legislação vigente;
II. Alvará (Licença) de Localização e Funcionamento vigente ou do Termo de Permissão ou de Concessão, caso exigido por legislação vigen- te;
III. Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ;
IV. Con- trato Social e/ou aditivos devendo estar explicitadas as ativida- des desenvolvidas pela empresa;
V. Documento de habilitação técnica expedida pelo Conselho Profissional respectivo, quando exigido por legislação específica;
VI – Plano de Gerencia- mento de Resíduos PGRS e/ou PGRSS aprovado pela SEUMA ou declaração de isenção;
VII - Procedimentos Operacionais Padronizados relativos às atividades realizadas pelo estabelecimento com assinatura do responsável legal e/ou técnico;
VIII. Manual de Boas Práticas para Serviços de Alimentação, caso possua manipulação de alimentos;
IX. Cópia da licença sanitá- ria atualizada dos prestadores de serviços, quando houver terceirizado;
X. Documentos e laudos comprobatórios da im- plementação das boas práticas, tais como: laudo laboratorial atestando a potabilidade da água, registro da higienização do reservatório de água (semestral para ambos); comprovante trimestral de execução do serviço de controle de vetores e pragas urbanas, quando necessário; comprovante de vacinação dos trabalhadores ou documento comprobatório de recusa de vacinação; comprovante de capacitação dos profissionais e manipuladores de alimentos; comprovante de controle da saú- de dos manipuladores de alimentos; comprovante da manutenção, higienização e conserto dos equipamentos; dentre outros exigidos por legislação específica.
Parágrafo único: A apresen- tação das documentações exigidas por esta Portaria não isenta os estabelecimentos do cumprimento dos demais instrumentos normativos aplicáveis.
CAPÍTULO III - DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRONIZADOS (POPs)
Art. 6º - Os Procedimentos Operacionais Padronizados - POPs deverão ser elaborados de acordo com as legislações vigentes e estar disponíveis para consulta em locais acessíveis a quem se destinam em cada setor correspondente. Parágrafo único: Os POPs devem estar implantados no estabelecimento.
Art. 7º- Para a elaboração dos POPs, os seguintes itens devem ser descritos e seguidos:
I. Identificação do estabelecimento;
II. Razão social;
III. Nome comercial;
IV. Endereço;
V. Nome do responsável técnico e número de conselho de classe, quando exigido por legislação específica;
VI. Citação das atividades realizadas;
VII. Especificação e quantitativo dos recursos hu- manos;
VIII. Descrição das instalações físicas:
a) Tipos de superfícies (descrição do tipo de piso e revestimento de teto e paredes)
b) Tipo de instalações elétricas, iluminação e ventilação
c) Instalações sanitárias com as especificações do quantitativo e a quem se destinam.
IX. Fornecimento de água:
a) Fonte de abastecimento.
b) Registro da higienização do reser- vatório de água com a frequência da limpeza e desinfecção do reservatório de água (método, produto utilizado e responsável pelo procedimento). O POP deve ser descrito mesmo quando as operações forem realizadas por empresa terceirizada e, neste caso, deve ser apresentado o certificado de execução do serviço.
c) Registro de análise da potabilidade da água (anexar laudos laboratoriais atualizados a cada semestre);
X. Descrição do método de higienização (citar áreas e superfícies submeti- das ao processo de limpeza e desinfecção); descrição dos saneantes utilizados (princípio ativo selecionado, sua concentração e tempo de contato dos agentes químicos) e periodici- dade de higienização e manutenção dos itens a seguir:
a) Instalações, materiais, utensílios, equipamentos e mobiliários:
b) Brinquedos e tapetes tipo EVA, quando houver.
d) Grades e filtros dos aparelhos de ar-condicionado, bem como de outros sistemas climatização, inclusive ventiladores.
XI. Saúde do trabalhador:
a) Cópia do cartão de vacinação atualizado dos profissionais da instituição disponível para consulta.
b) Descri- ção dos EPIs utilizados pelos profissionais, conforme atividade desenvolvida pelo funcionário.
c) Descrição do fluxo de enca- minhamento do trabalhador em caso de acidentes.
XII. Treina- mento e educação continuada do trabalhador:
a) Periodicidade por área de atuação.
b) Descrição do conteúdo programático mínimo previsto.
c) Identificação do responsável ou instituição de ensino que ministrou a capacitação.
d) Carga horária e data da realização da capacitação.
e) Anexar ficha de frequência com as assinaturas dos participantes.
XIII. Higienização das mãos:
a) Equipamentos e insumos necessários para a higieni- zação das mãos
b) Passos utilizados (limpeza e assepsia das mãos).
c) Agente tópico utilizado
d) Frequência necessária.
e) Em caso de fracionamento de produto, descrever na rotulagem: nome da substância, concentração, data de fracionamento, data de validade do produto e responsável pelo fracionamento.
Art. 8º - Deverá ser realizada supervisão da implantação dos POPs pelo Responsável Técnico ou substituto e definida a frequência dessa supervisão a fim de garantir que as orientações contidas nos POPs sejam cumpridas pelos funcionários.
Art. 9º - Os POPs deverão ser datados, assinados e rubricados pelo Responsável Técnico e pelo Responsável Legal da institu- ição.
Art. 10º - As instruções contidas nos POPs devem ser fornecidas por escrito e em linguagem acessível aos trabalha- dores para que desempenhem suas funções de forma padronizada.
Art. 11 - Todos os procedimentos realizados deverão estar descritos neste documento. Em caso de omissão de algum procedimento, o estabelecimento estará sujeito à penalidade estabelecida em legislação sanitária.
CAPÍTULO IV - DA ESTRUTURA FÍSICA
Art. 12 - A estrutura física de todos os estabelecimentos de ensino deverá atender às seguintes determinações:
I - Os pi- sos, tetos e paredes de todo o estabelecimento deverão estar limpos, íntegros, livres de infiltrações, mofo, trincas e rachadu- ras, vazamentos e sem quaisquer outras alterações que com- prometam a sua estrutura física.
II - Os pisos e paredes deve- rão ser revestidos com material liso, lavável, impermeável e resistente a produtos químicos, de cor clara, que possibilite os processos de descontaminação e/ou limpeza.
III - O piso deve ser dotado de ralo sifonado com tampa escamoteável.
IV - As instalações hidráulicas e elétricas devem ser embutidas ou protegidas por calhas ou canaletas externas, para que não haja depósitos de sujidades em sua extensão.
V - As instalações elétricas devem estar funcionando, isentas de sujeiras, sem quaisquer outras alterações que comprometam o seu funcio- namento, qualidade e segurança.
VI - As luminárias deverão estar íntegras e limpas, sem presença de poeira ou outras sujidades.
VII - As instalações hidráulicas devem estar funcio- nando sem defeitos, como vazamentos e infiltrações, ou quais- quer outras alterações que comprometam o seu funcionamen- to, qualidade e segurança.
VIII - As portas e janelas devem estar íntegras e limpas e sem quaisquer outras alterações que comprometam o seu funcionamento.
IX - As janelas das institu- ições devem possuir meios de proteção contra quedas, como redes de proteção, peitoril, grades, dentre outros, a partir do 1° pavimento.
X - Os ambientes devem se apresentar limpos, conservados e livres de insetos e roedores, atendendo o disposto no Capítulo XIII.
XI - O estabelecimento deve possuir equipamentos de proteção contra incêndios, dentro do prazo de validade, e seguir as normas vigentes preconizadas pelo Corpo de Bombeiros.
XII - A construção ou adaptação do es- paço físico deverá ser acessível a todos e estar de acordo com o número e faixa etária da clientela.
Art. 13 - A área para re- cepção/espera deve ser específica para esse fim, possuindo dimensionamento compatível com a demanda.
Art. 14 - Os sanitários devem atender às seguintes determinações:
I - Piso impermeável e de preferência antiderrapante, de fácil conser- vação, manutenção e limpeza, com acabamentos adequados, de maneira que impeçam acúmulo de água;
II – Adaptações adequadas para pessoas com deficiência;
III - Pia com água corrente, suporte para papel toalha, papel toalha, sabonete líquido e lixeira com tampa de acionamento por pedal;
IV. Pia para lavagem de mãos com altura compatível com a faixa etá- ria atendida;
V – Boas condições de higiene.
Art. 15 - Os aces- sos ao estabelecimento deverão atender às seguintes determi- nações:
I. Quando a entrada principal do estabelecimento apresentar desnível em relação à rua, o acesso deve ser feito por intermédio de rampa, a fim de permitir o tráfego de carri- nhos de crianças e facilitar o acesso de pessoas com deficiên- cia;
II. Quando houver desnível entre um bloco e outro nas dependências do estabelecimento, ele deve ser vencido atra- vés de rampa;
III. O dimensionamento das inclinações de ram- pas nos desníveis entre 2 (dois) planos de pisos diferentes obedecerá ao estabelecido nas normas técnicas oficiais, preva- lecendo a que for mais restritiva.
IV. As rampas devem ser antiderrapantes.
Art. 16 - Deve ser previsto um consultório ou ambulatório para atendimento dos alunos em observância aos critérios de boas práticas para funcionamento de serviços de saúde estabelecidos pela RDC da ANVISA nº 63 de 25/11/2011 ou outra que vier a alterá-la e substituí-la.
Art. 17 – Em caso de manipulação de alimentos, devem ser atendidas as exigências da Resolução RDC da ANVISA nº 216, de 15/09/2004, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de alimentação, ou outra que vier a substitui-la.
Art. 18 – Deve haver uma área específica para a localização do refeitó- rio, atendendo às seguintes especificações:
I. Os talheres, pratos e copos, quando não descartáveis, devem ser utilizados individualmente, não podendo servir a mais de um usuário antes de serem higienizados adequadamente.
II. Possuir as- sentos específicos para as respectivas faixas etárias atendidas.
CAPÍTULO V - DA EDUCAÇÃO INFANTIL E CRECHE
Art. 19 – Em relação à estrutura física da educação infantil e creche, além de atender o disposto no capítulo IV, o estabele- cimento deverá obedecer às seguintes determinações:
I – O estabelecimento deve estar preferencialmente em pavimento térreo, de modo a possibilitar a integração do ambiente com o exterior.
II - As portas dos sanitários utilizados pelas crianças devem possuir abertura tipo vai-e-vem e não devem ter fecha- duras;
III - As tomadas e fiações devem estar localizadas fora do alcance das crianças e, quando não for possível, que sejam resguardadas por protetores apropriados e estejam ocultas por mobiliário.
IV – As salas deverão possuir armários ou compartimentos individuais que permitam a guarda de objetos pessoais, identificados com o nome da criança e devidamente higienizados.
Art. 20 - A creche deve possuir área total construída, de acordo com as necessidades de atendimento e de deman- da. Art. 21 – Caso possua lactário, o espaço deve possuir as seguintes características:
I. Local para recepção e lavagem de mamadeiras, chupetas e outros utensílios;
II. Local para prepa- ro, desinfecção e distribuição dos utensílios;
III. Duas caixas, preferencialmente de plástico, que permitam a acomodação dos utensílios limpos e outra para acomodação dos sujos, sendo de cuidado exclusivo de funcionário designado para realizar este procedimento;
IV. Provisão de equipamentos ade- quados, conservados e em pleno estado de funcionamento;
V. Pia exclusiva para lavagem de mãos com água corrente, supor- te para papel toalha, papel toalha, sabonete líquido e lixeira com tampa de acionamento por pedal;
VI. A localização do lactário deverá ter o maior afastamento possível das áreas de lavanderia e banheiros, devendo estar em espaço separado do ambiente da cozinha, ou, se dentro, separado por barreira técnica.
Art. 22 – O estabelecimento deve conter um fraldário e espaço para troca de roupa compatível com a faixa etária para atender às crianças.
Art. 23 - O fraldário deve ser dotado de:
I - Equipamento apropriado para banho;
II - Bancadas com colchonetes de material impermeável e de fácil higienização;
III - Pia exclusiva para lavagem de mãos com água corrente, supor- te para papel toalha, papel toalha, sabonete líquido e lixeira com tampa de acionamento por pedal;
IV- Armários/prateleiras para guarda de fraldas e material de higiene das crianças;
V - Lixeiras com tampa de acionamento por pedal para acondicio- nar as fraldas sujas.
Art. 24 – O estabelecimento deve ter uma sala de apoio à amamentação compatível com a demanda, com as seguintes características: I. Presença de lavatório com água corrente, suporte para papel toalha, papel toalha, sabone- te líquido e lixeira com tampa de acionamento por pedal;
II. Freezer com termômetro para monitoramento diário da tempe- ratura, caso seja realizado o armazenamento de leite;
III. Cadeiras ou poltronas de amamentação, de material impermeável, que promovam acolhimento e privacidade, podendo ser sepa- radas por divisórias ou cortinas.
Art. 25 - As instituições que atenderem crianças que necessitem de berçário deverão obe- decer às seguintes exigências:
I. Acomodação no mesmo ber- çário de até 15 crianças da faixa etária estabelecida;
II. Área mínima de 2,50m² por berço;
III. Espaçamentos de no mínimo 0,50m entre os berços e entre os berços e paredes a fim de manter livre circulação e facilidade de atendimento, sendo recomendada demarcação da distância no piso.
V. Equipamen- tos apropriados para as crianças da faixa etária atendida.
Art. 26 – O estabelecimento deverá possuir um solário, compatível com a demanda, situado em varanda aberta ou gramado, para onde devem ser transportados os berços ou serem utilizados colchões impermeáveis nos pisos e lonas impermeáveis sobre os gramados, a fim de permitir banhos de sol às crianças.
Art. 27 - O estabelecimento deverá contar com uma sala de ativida- des, compatível com a demanda e faixa etária, possuindo às seguintes especificações:
I. Bancadas, prateleiras e/ou armá- rios para guarda de brinquedos e materiais utilizados pelas crianças, localizados em altura acessível às crianças;
II. Guar- da de materiais de uso exclusivo dos adultos em local separa- do, em altura superior às bancadas e armários destinados às crianças.
Art. 28 - Todos os brinquedos utilizados pelas crian- ças devem ser compatíveis com a faixa etária, apresentar certi- ficação de acordo com os requisitos de segurança e selo do INMETRO;
Art. 29 - Os brinquedos utilizados em creches deve- rão ser de material lavável e atóxico (plástico, borracha, acrílico etc.).
Art. 30 - Qualquer brinquedo ou objeto que entrar em contato com fluidos corpóreos deverão ser separados, limpos e desinfetados imediatamente, antes do compartilhamento com outro usuário.
Art. 31 - Os brinquedos e objetos, após limpeza e desinfecção, deverão ser acondicionados em caixas limpas de material lavável, com tampa, ou em armários, e deverão ser limpos sempre após o uso e rotineiramente.
Art. 32 - Deverá ser disponibilizada caixa exclusiva e identificada para acomo- dação dos brinquedos sujos (brinquedos já utilizados pelas crianças), a qual terá cuidado exclusivo de funcionário designado para realizar os procedimentos de limpeza e desinfecção.
Art. 33 - Objetos utilizados pelas crianças, como brinquedos, devem ser submetidos à inspeção visual diária a fim de detec- tar possíveis falhas ou alterações.
Art. 34 - As crianças deverão ser orientadas pela equipe de educadores quanto à higieniza- ção das mãos antes e depois do manuseio dos brinquedos.
CAPÍTULO VI - DO TANQUE DE AREIA
Art. 35 – O tanque de areia deve estar posicionado em local ventilado e ensolarado e deve ser coberto diariamente, após o término das atividades.
§ 1º: Quando não for possível cobri-lo (área grande de areia com os escorregadores ou balanços fixos no solo), deve-se passar o rastelo diariamente, antes do início das atividades, revolvendo a areia para melhor exposição ao sol.
§ 2º: A camada superficial de areia, geralmente mais ex- posta à contaminação, deve ser diariamente revolvida e perio- dicamente substituída.
§ 3º: Em caso de suspeita de infesta- ção, toda a areia do tanque deve ser substituída.
Art. 36 - O tanque de areia deve ser higienizado periodicamente, com produto adequado e regularizado para este fim.
Art. 37 - Os brinquedos utilizados nas brincadeiras com areia devem ser higienizados, a cada término das atividades.
Art. 38 - É proibido o consumo de alimentos no interior do tanque e de outros com- partimentos, uma vez que a presença de restos de comida atrai insetos, roedores, pombos e outros animais, gerando riscos de doenças.
Art. 39 – Próximo ao tanque de areia, deverá ter de ponto de água para a higienização dos usuários, permitindo que eles lavem as partes do corpo que estiveram em contato com a areia.
CAPÍTULO VII – DOS SISTEMAS DE CLIMATIZAÇÃO
Art. 40 - No caso da utilização de equipamentos de ventila- ção/climatização, os procedimentos de limpeza e manutenção dos componentes devem seguir as instruções do fabricante e o seu registro deverá estar disponível para consulta. Parágrafo único: Se o equipamento de climatização possuir filtro, a fre- quência de troca deve ser realizada de acordo com as normas de seu fabricante.
Art. 41 - A ventilação artificial será obrigató- ria sempre que a natural não preencha as condições de confor- to térmico.
CAPÍTULO VIII - DO ABASTECIMENTO
DE ÁGUA E DAS CONDIÇÕES DE SANEAMENTO
Art. 42 - Quanto ao abastecimento de água e as condições de saneamento, os estabelecimentos abrangidos nesta Portaria devem seguir as seguintes determinações:
I – Possuir registro da higienização da caixa d’água no intervalo máximo de seis meses; II - Garantir a potabilidade da água necessária ao seu funcionamento, sendo comprovada semestralmente por meio de laudo laboratorial.
III - Realizar a limpeza e/ou troca dos filtros dos bebedouros periodicamente, de acordo com o fabri- cante, e manter o seu registro.
IV - Possuir interligação à rede pública de abastecimento de água potável e coletores públicos de esgotos.
Parágrafo único: Caso o estabelecimento não esteja ligado aos serviços públicos de água e/ou esgoto, o proprietário deverá adotar as providências sanitariamente ade- quadas, visando o suprimento de água potável e o destino final dos dejetos.
CAPÍTULO VII - PRIMEIROS SOCORROS
Art. 43 - Os estabelecimentos de ensino deverão capacitar professores e funcionários em noções de primeiros socorros.
§ 1º O curso deverá ser ofertado anualmente e desti- nar-se-á à capacitação de professores e funcionários dos esta- belecimentos de ensino e recreação, sem prejuízo de suas atividades ordinárias.
§ 2º A quantidade de profissionais capa- citados em cada estabelecimento de ensino será definida em regulamento interno, guardada a proporção com o tamanho do corpo de professores e funcionários ou com o fluxo de atendi- mento de alunos no estabelecimento.
§ 3º A responsabilidade pela capacitação dos professores e funcionários dos estabele- cimentos caberá aos respectivos sistemas ou redes de ensino.
§ 4º Durante todo o período do seu funcionamento, o estabele- cimento deverá apresentar pelo menos 01 (um) profissional capacitado para prestar o atendimento de primeiros socorros.
Art. 44 – A instituição de ensino não poderá administrar medi- camentos, salvo mediante receita médica e consentimento expresso dos pais.
CAPÍTULO VIII - DOS PRODUTOS E MEDICAMENTOS
Art. 45 - Os produtos deverão seguir as seguin- tes determinações:
I - Todos os produtos utilizados, incluindo aqueles de interesse à saúde, devem ser devidamente regis- trados/notificados no Ministério da Saúde/ANVISA, devendo ser usados de acordo com o recomendado pelo fabricante e dentro do prazo de validade.
II – Todos os produtos devem ser arma- zenados de forma ordenada, seguindo as especificações do fabricante e sob condições que garantam a manutenção de sua identidade, integridade, qualidade, segurança, eficácia e ras- treabilidade.
CAPÍTULO IX - DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
Art. 46 – Em caso de realização de atividades que gerem resíduos sólidos ou resíduos de serviços de saúde, o estabelecimento deverá realizar o gerenciamento desses resíduos e seguir as seguintes determinações:
I – Possuir um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS e/ou Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS aprovados pelo órgão competente.
II – Os planos de- vem ser implantados no estabelecimento conforme legislações em vigor.
III - Possuir abrigo de resíduos de acordo com as normas da legislação vigente.
CAPÍTULO X - DOS MATERIAIS DE LIMPEZA
Art. 47 - Em relação aos materiais de limpeza, os estabelecimentos devem atender às determinações a seguir:
I - Possuir local de acesso restrito para guarda e organização de produtos e equipamentos de limpeza, dotado de tanque de lavagem.
II - Possuir material de limpeza adequado, em quanti- dade e qualidade suficientes.
III - Todos os produtos utilizados devem ser devidamente registrados/notificados no Ministério da Saúde/ANVISA, devendo ser usados de acordo com a reco- mendação do fabricante e dentro do prazo de validade.
IV - Caso o produto seja fracionado, o recipiente deverá ser identifi- cado com nome do produto, data de validade e do fraciona- mento.
Art. 48 - A limpeza e desinfecção das superfícies (mesas, bancadas, entre outros mobiliários) deverão ser feitas com auxílio do Álcool 70% ou outro produto desinfetante registrado no Ministério da Saúde, após o término do uso ou sempre que necessário.
Art. 49 - A equipe de limpeza deverá utilizar métodos úmidos de limpeza dentro das salas de aula, salas de ativi- dades ou outro local que tenha a presença de alunos, sendo proibido o uso de vassouras, espanadores de pó e semelhantes nestes locais.
CAPÍTULO XI - DOS MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
Art. 50 - Em relação aos materiais e equipamentos, os estabelecimentos devem atender às determinações a seguir:
I - O serviço deve garantir que os materiais e equipamentos sejam utilizados para os fins a que se destinam e con- forme as orientações do fabricante, devendo possuir registro ou notificação no Ministério da Saúde/ANVISA, conforme legislação em vigor.
II – Deve existir um programa de manutenção preventiva e/ou corretiva para os equipamentos utilizados em geral, assinado e datado, conforme verificado em registro.
III – Todos os equipamentos, insumos e materiais devem ser mantidos em bom estado de conservação e limpeza.
Art. 51 - Os aparelhos fixos de recreação, quando existirem, devem atender às normas de segurança do fabricante e serem objeto de lim- peza, conservação e manutenção periódicas.
CAPÍTULO XII – DA SAÚDE DO TRABALHADOR
Seção I - Da Rotina de Trabalho da Equipe
Art. 52 - Os Estabelecimentos abrangidos por esta Portaria devem atender às seguintes determinações em relação à Saúde do Trabalhador:
I - Obrigatoriedade de forne- cimento de EPI em quantidade e qualidade adequada para atender às necessidades de todos os procedimentos do esta- belecimento.
II – O fardamento para o profissional de limpeza deve ser de uso exclusivo para o ambiente de trabalho, de cor diferente do fardamento dos manipuladores de alimentos, e trocado diariamente ou quando apresentar sujidades.
III - Necessidade de armários para guarda de pertences pessoais dos funcionários.
IV - Implementação de programa e registro de capacitação para profissionais que realizam procedimentos de limpeza e desinfecção, com conteúdo respectivo a atividade fim, com periodicidade descrita no POP, validado pelo Responsável Técnico e ministrado por profissional habilitado, lista de frequência dos participantes e data de realização da capacita- ção.
Seção II - Da Imunização
Art. 53 - Os trabalhadores devem ser imunizados contra hepatite B, tétano, rubéola, influenza/H1N1 e outras vacinas, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Parágrafo único. O empregador deve assegurar que os traba- lhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos colate- rais, assim como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação, devendo, nestes casos, guardar docu- mento comprobatório e mantê-lo disponível à inspeção do trabalho.
Art. 54 - A instituição deve deixar disponível documen- tação que comprove a vacinação dos profissionais.
CAPÍTULO XIII – DO CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS
Art. 55 - As instituições devem garantir ações eficazes e contínuas de controle de vetores e pragas urbanas, com o objetivo de impedir a atração, o abrigo, o acesso e a proliferação.
Art. 56 - O controle químico, quando for necessá- rio, deve ser realizado por Empresas Prestadoras de Serviço em Controle de Vetores e Pragas Urbanas especializada, habi- litada e possuidora de licença sanitária e ambiental e com produtos desinfetantes regularizados pela ANVISA.
§ 1º A empre- sa especializada em controle de pragas deve fornecer ao clien- te comprovante trimestral de execução de serviço de controle de pragas e este deverá estar disponível para consulta;
§ 2º O prazo de garantia do serviço prestado dependerá da avaliação técnica efetuada pela empresa e poderá constar no certificado ou comprovante de execução do serviço ou em documento à parte.
CAPÍTULO XIV - DA PROIBIÇÃO DE PRODUTOS FUMÍGENOS
Art. 57 - Os Estabelecimentos regulamentados por esta Portaria devem seguir o disposto na Lei Federal nº
9.294 de 15/07/1996, no seu artigo 2º, que proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, em recinto cole- tivo, privado ou público.
CAPÍTULO XV – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 58 - As instituições de ensino que possuem serviços de saúde, processamento de artigos, serviços de alimentação, serviços veterinários, processamento de roupas, piscinas, entre outras áreas, devem seguir as legislações vigentes quanto à estrutura e às boas práticas sanitárias.
Art. 59 - A inobservância ou desobediência ao disposto na presente Portaria configura infração de natureza sanitária, na forma da Lei Municipal nº 8,222 de 28/12/1998, ou qualquer outra que venha alterá-la ou substituí-la, sujeitando o infrator às penalidades previstas no diploma legal.
Art. 60 - Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação. Registre-se, publique-se e cumpra-se. Fortaleza/CE, 19 de janeiro de 2021.
Ana Estela Fernandes Leite
SECRETÁRIA MUNICIPAL DA SAÚDE.
Referendada por:
Nélio Batista de Morais
COORDENADOR DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE – COVIS.