Governo Federal apresenta pacote de contenção de despesas com revisão nos programas sociais

Em um esforço para conter o aumento das despesas públicas, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou um conjunto de medidas que inclui a revisão dos principais programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O pacote, anunciado nesta quarta-feira (27), em pronunciamento feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca aprimorar os mecanismos de controle e reduzir fraudes que comprometem a eficácia das políticas sociais.

Reforço no controle de programas sociais

O ministro destacou que os ajustes visam garantir que os recursos cheguem a quem realmente precisa. "Vamos aperfeiçoar os mecanismos de controle, que foram desestruturados no período anterior. Fraudes e distorções dificultam o atendimento aos mais vulneráveis. Para as aposentadorias militares, por exemplo, instituiremos uma idade mínima para a reserva e limitaremos a transferência de pensões, entre outras medidas", afirmou Haddad durante o anúncio.

Embora não tenha detalhado os programas afetados, o governo indicou que proporá ao Congresso Nacional novas regras para a adesão e manutenção nos benefícios. O foco é aumentar a transparência e coibir irregularidades.

Novos critérios para o BPC

O Benefício de Prestação Continuada, que assegura um salário mínimo mensal a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade, deverá adotar regras semelhantes às do Bolsa Família. Entre as mudanças previstas está a implantação de cruzamentos mensais de dados, algo que não é realizado atualmente. Além disso, será exigida a prova de vida anual, nos moldes do que já é feito pelo INSS, assim como o uso de biometria e reconhecimento facial para a concessão e continuidade dos pagamentos.

O objetivo principal é assegurar que apenas os beneficiários que realmente atendem aos requisitos legais permaneçam no programa. De acordo com estimativas, o custo do BPC em 2024 será de R$ 118 bilhões.

Revisão no Bolsa Família

No caso do Bolsa Família, o governo direciona seus esforços para revisar o cadastro de beneficiários que se declaram como famílias unipessoais, ou seja, que vivem sozinhos. Estudos apontam que esse grupo ultrapassa o esperado em dois terços das cidades brasileiras, levantando suspeitas de irregularidades.

O Ministério de Desenvolvimento Social estima que cerca de 500 mil pessoas entre 18 e 49 anos possam estar recebendo o benefício de forma indevida. A previsão é de uma economia anual de R$ 4 bilhões com essa revisão. Essas ações complementam o plano de revisão de cadastros já anunciado, que projeta uma economia total de R$ 25,9 bilhões até 2025.

Impacto nas políticas sociais

As medidas apresentadas fazem parte de um movimento mais amplo do governo para reorganizar as contas públicas, evitando o aumento descontrolado de gastos. A revisão nos programas sociais busca equilibrar a necessidade de proteção aos mais vulneráveis com a responsabilidade fiscal.

Com a implementação dessas regras, o governo espera aprimorar a gestão dos recursos, garantindo que sejam aplicados de maneira mais eficiente e transparente. As propostas ainda precisam ser discutidas e aprovadas pelo Congresso Nacional, etapa que será crucial para o andamento do plano de ajuste fiscal.

Fonte: Portal Contábeis

Data: 28/11/2024